Depois do show vibrante que ela fez na noite de domingo (5) no Via Funchal, em São Paulo, não é bom confundir “criação” com “armação”.
Selena não dubla, nem mesmo utiliza qualquer recurso para turbinar o vocal. Canta uma barbaridade. Tem voz forte, sustenta notas lá no alto e é impecavelmente afinada.
Trata-se de uma cria do Walt Disney Music Group porque certamente venceu centenas ou talvez milhares de outras meninas para ser mais uma eleita pela empresa e receber todo o investimento possível na carreira.
A turnê no Brasil, que teve apenas outro show no sábado, no Rio de Janeiro, divulga “When the Sun Goes Down”. É o terceiro álbum da moça acompanhada pela The Scene, banda formada por jovens pouco mais velhos do que ela.
Selena evoluiu a cada disco. Por isso, as canções mais antigas agora soam mais consistentes. É pop rock simples, mas tudo tem harmonia eficiente. Não se pode esperar coisa diferente do produto de uma grife tão acostumada a mostrar memoráveis trilhas de desenhos animados.
O Via Funchal foi tomado por 6.000 pessoas, mais de 90% delas meninas entre 10 e 16 anos. As outras, na maioria, eram pais e mães dessas garotas. Protagonizaram cenas de histeria. Todas as letras cantadas de ponta a ponta, gritos, lágrimas e uma transparente vontade de ser como Selena.
Na verdade, deixando de lado o vozeirão, a cantora é bem parecida com suas fãs. Pequena, magrinha, bonitinha, com os passos no palco bem ensaiados. Como uma aluna preparada para a peça da escola.
Falta atitude em cena. É difícil crer que uma garota bonita faça um show pop inteiro de decote cavado e shortinho sem estabelecer um mínimo clima de sedução. Pensando bem, seduzir a quem? Os pais das fãs?
Mas Selena pode melhorar muito. Deu sinais nas últimas músicas da noite. Na contagiante “Tell Me Something I Don’t Know”, se soltou, bateu cabeça girando o cabelão e correu pelo palco. Quase rock and roll.
Selena terminou o show prometendo às extasiadas fãs que voltará logo ao Brasil. Se continuar no próximo álbum a crescente evolução musical, pode ser que cante diante de um público mais amplo do que meninas que sonham ser como ela.
Linda esta matéria não?
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